BRIGA ETERNA
Não é de hoje que os ideais políticos prejudicam boas amizades. Com Moraes Salles e Francisco Glicério foi assim. Salles era monarquista convicto e Glicério, um defensor do sistema republicano. O primeiro escrevia artigos em um jornal da cidade defendendo os princípios de seu partido; o outro fazia o mesmo em outro periódico. Conclusão: ofensas não faltavam e um dia eles quase se agrediram fisicamente no Centro da cidade.
O mais curioso é que ambos foram batizados no mesmo dia, na Matriz de Nossa Senhora do Carmo, com os pais de Moraes Salles sendo padrinhos do menino Glicério e vice-versa. E olha como a vida prega peças. Os dois, nomes de ruas em Campinas, encontram-se diariamente em um dos cruzamentos mais famosos da cidade: Avenida Morares Salles X Francisco Glicério.
Um dos fundadores
da Companhia Mogiana
da Companhia Mogiana
Antonio Carlos de Moraes Salles nasceu em Campinas no ano de 1846 e adquiriu notoriedade por sua capacidade e inteligência. Formado pela Faculdade de Direito do Largo São Francisco, foi nomeado promotor público em 1867 e, em 1880, juiz municipal de Campinas. Também foi um dos fundadores da Companhia Mogiana de Estrada de Ferro, assumindo posteriormente a presidência da empresa. Em 1900, representou o então presidente Campos Salles no Congresso Jurídico, parte das comemorações do IV Centenário da Descoberta do Brasil, no Rio de Janeiro.
Casou-se aos 24 anos com sua prima de terceiro grau Ana Eufrosina do Amaral Salles e teve nove filhos. Morreu com apenas 57 anos de idade. Era uma pessoa tão querida que, no dia de sua morte, a cidade se vestiu de luto. Os colégios suspenderam as aulas, o comércio fechou e sua casa foi invadida pelo povo, que fez orações e acompanhou o enterro.
Curiosidades
- Na Avenida Moraes Salles foi criado, em 1808, o primeiro local de extração de barro para construções com estrutura de taipa de pilão.
- O primeiro espaço iluminado da cidade ficava onde hoje está a Moraes Salles. Um cidadão instalou um lampião num poste de madeira e logo os vizinhos o imitaram.
- A Avenida Moraes Salles já foi chamada de Rua das Velhas Campinas e Rua de São Carlos.
José Paulino começou a trabalhar cedo
Quinto dos 12 filhos de Luiz Nogueira Ferraz e Gertrudes Eufrosina de Almeida Nogueira, José Paulino Nogueira nasceu em Campinas, em 13 de fevereiro de 1853. Ainda pequeno, quando trabalhava como caixeiro na loja de Bento Quirino dos Santos, percorria descalço o trajeto até a entrada da cidade para economizar seu único par de sapatos.
Começou a trabalhar aos 12 anos. Aos 18, o caixeiro virou gerente e, logo depois, sócio do patrão na Santos, Irmão & Nogueira, casa comercial que os políticos e intelectuais que a frequentavam apelidaram de Sociedade Anônima de Interesse Geral. Ali, conheceu Campos Salles, uma amizade que uniu as duas famílias – seu neto, Paulo Nogueira Filho, casou-se com Regina Coutinho, neta do ex-presidente da República.
Instalada no Largo do Carmo, na esquina das ruas Benjamin Constant e Sacramento, a loja era um centro de atividades sociais que reunia empreendedores preocupados com o interesse público da cidade e da então Província de São Paulo. Ali, Campos Salles, Francisco Glicério, Jorge Miranda, Francisco Quirino, Américo Brasiliense e Salvador Penteado encontravam-se para combater a monarquia e defender o fim da escravatura.
Na última fase do Império, já membro do Partido Republicano, José Paulino elegeu-se vereador em Campinas, com Júlio de Mesquita e Salvador Penteado. Em março de 1889, no primeiro ataque da epidemia de febre amarela, permaneceu na cidade. Assumiu o governo municipal, mobilizou sócios e clientes da loja e apelou na Capital para que Campos Salles e Francisco Glicério arranjassem meios para que fossem concluídos os serviços de canalização de água potável e instalação da rede de esgotos. Só assim Campinas se livraria dos poços e das fossas.
Em 1890, um novo surto de febre amarela castiga o local. José Paulino conduz as obras de saneamento e o povo, agradecido, faz coleta popular de 100 réis por pessoa e inaugura uma placa de mármore na sede da loja para homenagear sua dedicação. Superada a epidemia, ele volta à política, é reeleito presidente da Câmara, em 1892, e continua à frente da administração campineira. Mais tarde, já no fim do século, José Paulino e os irmãos Arthur e Sidrack, o cunhado Antônio Carlos da Silva Teles e o genro Paulo de Almeida Nogueira desbravaram as primitivas terras da Fazenda Funil (hoje em Cosmópolis) e lançaram nela a semente da primeira grande indústria de Campinas, a Usina Ester, antes uma engenhoca de álcool.
Começou a trabalhar aos 12 anos. Aos 18, o caixeiro virou gerente e, logo depois, sócio do patrão na Santos, Irmão & Nogueira, casa comercial que os políticos e intelectuais que a frequentavam apelidaram de Sociedade Anônima de Interesse Geral. Ali, conheceu Campos Salles, uma amizade que uniu as duas famílias – seu neto, Paulo Nogueira Filho, casou-se com Regina Coutinho, neta do ex-presidente da República.
Instalada no Largo do Carmo, na esquina das ruas Benjamin Constant e Sacramento, a loja era um centro de atividades sociais que reunia empreendedores preocupados com o interesse público da cidade e da então Província de São Paulo. Ali, Campos Salles, Francisco Glicério, Jorge Miranda, Francisco Quirino, Américo Brasiliense e Salvador Penteado encontravam-se para combater a monarquia e defender o fim da escravatura.
Na última fase do Império, já membro do Partido Republicano, José Paulino elegeu-se vereador em Campinas, com Júlio de Mesquita e Salvador Penteado. Em março de 1889, no primeiro ataque da epidemia de febre amarela, permaneceu na cidade. Assumiu o governo municipal, mobilizou sócios e clientes da loja e apelou na Capital para que Campos Salles e Francisco Glicério arranjassem meios para que fossem concluídos os serviços de canalização de água potável e instalação da rede de esgotos. Só assim Campinas se livraria dos poços e das fossas.
Em 1890, um novo surto de febre amarela castiga o local. José Paulino conduz as obras de saneamento e o povo, agradecido, faz coleta popular de 100 réis por pessoa e inaugura uma placa de mármore na sede da loja para homenagear sua dedicação. Superada a epidemia, ele volta à política, é reeleito presidente da Câmara, em 1892, e continua à frente da administração campineira. Mais tarde, já no fim do século, José Paulino e os irmãos Arthur e Sidrack, o cunhado Antônio Carlos da Silva Teles e o genro Paulo de Almeida Nogueira desbravaram as primitivas terras da Fazenda Funil (hoje em Cosmópolis) e lançaram nela a semente da primeira grande indústria de Campinas, a Usina Ester, antes uma engenhoca de álcool.
SAIBA MAIS
_Sempre empreendedor, em São Paulo, José Paulino associou-se à firma Teles & Neto, de Santos, e levou para a empresa seu antigo patrão e sócio Bento Quirino dos Santos. Em 1910, assumiu a presidência da Companhia Mogiana de Estradas de Ferro, cargo que ocupou até morrer, em 10 de novembro de 1915.
_Primeiro presidente do Banco Comercial, José Paulino fundou, com Cardozo de Almeida, Urbano Azevedo e Veriano Pereira, a Companhia Paulista de Seguros. Ajudava a sustentar a Santa Casa de Misericórdia e o Liceu de Artes e Ofícios de Campinas (hoje Liceu Nossa Senhora Auxiliadora). Era um empresário raro, com visão completa de como se desenvolve um ciclo econômico, com investimento em fazendas que tornou produtivas, transporte da safra, financiamento bancário da produção, comercialização no mercado interno e exportação.
_Foi casado com Francisca Coutinho Nogueira, que morreu em 1895. Viúvo muito cedo, não se casou mais. A filha Ester assumiu o comando da casa e serviu de segunda mãe aos irmãos. O nome dela foi dado à usina canavieira em Cosmópolis.
_José Paulino morreu em São Paulo e está sepultado no Cemitério da Saudade, em Campinas, próximo de dois companheiros: Moraes Salles e Francisco Glicério. Seu nome (Paulino) deu nome à cidade de Paulínia.
Historias enviadas por Janete Trevisani, para o portal rac.com.br.
Essas e varias outras historias interessantes em: http://portal.rac.com.br/blog/43/bau-de-historias
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